– Há anos que minha filha tenta me empurrar alface: segundo seus conhecimentos, seria ótimo se eu comesse alface várias vezes na semana. E levei anos tentando mostrar – com certo jeito – que alface não faz a minha cabeça. Levei anos discutindo sobre alface; e me gastando com as alfaces!
Nunca descobri a obsessão dela por essa coisa sem gosto, mas graças à sua persistência hoje tenho doutorado em alface; para alguma coisa há de servir esse martírio da alface… Essa coisa que não tem gosto de nada, que é pior do que chuchu. Filha querida, não me leve a mal, mas… detesto as tuas alfaces; não gosto de chuchu, couve, vagem e abóbora. Acabou!
Mas deixando estes verdes e alaranjados de lado – que serviram só como intróito -, vejo o tanto que nos gastamos para cuidar do nosso nariz sem interferências. Algumas pessoas gostam de trabalhar em silêncio; outras preferem trabalhar ouvindo jazz ou Piazzolla; outras, ainda, música funk, sertaneja, rock pauleira… Tudo bem, pra mim está ótimo. Mas fico pensando: qual é o motivo que nos leva a defender ‘tese’ quando se gosta de algo e achincalhar os que diferem do nosso gosto? É inexplicável o tanto que temos de explicar. Explicar é cansativo. Confesso que cansei, ‘tô cansadinha’. Preciso de um tempo.
A palavra ‘não’ deveria fazer parte do ‘Compêndio Médico’. É um santo remédio, cura vários males, indo da enxaqueca a outras doenças psicossomáticas. Mas ninguém lê bula, ninguém lê sobre os efeitos benéficos e a posologia de como usar o ‘não’. A insistência irrita. Eu também fui assim, metida… Meu pai gripava, alho nele! Tomou uma vez, e me mandou passear… Depois, caí na real e fiquei quieta.
Acho que essa mania de receitar e ensinar é coisa dos latinos. Temos receitas pra tudo, fora o que aprendemos num salão de beleza, onde há especialistas em problemas emocionais, matrimoniais… É lá onde todas as mães, avós, tias e curiosas se encontram e que tentam nos ensinar como educar nossos filhos.
Onde está, afinal, o nosso livre arbítrio? Seria muito agradável viver segundo nossos conceitos, gostos, vontades, loucuras, enfim. É ótimo exercitar a palavra ‘não’: não quero, não vou, não gosto, não faço… Mas já notei que dizer ‘não’, para certas pessoas, dá muita mão de obra; então vai um ‘sim’, dá menos trabalho. Só temos facilidade em dizer não na adolescência e na velhice: o primeiro porque é rebelde, e não tá nem aí; o outro porque ‘ralou’ muito e já tem ‘direitos adquiridos’.
Impor idéias é uma ação extremamente irritante. Quantas vezes por semana enfrentamos alguém ou forjamos uma desculpa pra cair fora? Quantas vezes nos falam nas coisas mais esdrúxulas como se fossem certas? Vejo pessoas que, por influência de terceiros, vendem suas casas, fazem a faculdade errada, acabam com seus relacionamentos, compram o carro errado, mudam de cidade, comem o que não podem, bebem o que não devem…
Respeitar a vontade das pessoas, dar-lhes espaço, é preservar o relacionamento; mas a gente só respeita o que está ainda longe – quanto maior é a proximidade, menor é a nossa privacidade.
Taís Luso
Alface hehehe...
ResponderExcluirGosto de tudo que é hortaliça e acho que faz bem mesmo rsrs...
Mas, "a gente é que faz as escolhas e as escolhas fazem a gente"...
Tenha uma bela semana, cheia de paz, alegria e sucesso!!
Só hoje, descobri que não estou em sua lista de blogs ...sniff!!
ResponderExcluirQue reflexão excelente esta postagem, e adoro a imagem da Mafaldinha, sou fã dela, beijo.
ResponderExcluirbuen tema mi amigo, gracias por compartirlo.
ResponderExcluirun abrazo
[...]Passam os séculos, os homens, as repúblicas, as paixões; a história faz-se dia por dia, folha a folha; as obras humanas alteram-se, corrompem-se, modificam-se, transformam-se. Toda a superfície civilizada da terra é um vasto renascer de coisas e idéias.”
ResponderExcluirMachado de Assis
Feliz semana e Bom Dia!!!!
Wanderley querido, que texto muito bem escolhido.
ResponderExcluirRealmente é uma tolice querermos convencer e impor o nosso jeito ao outro. Até porque, cada um que seja livre e faça suas escolhas, pois bem sabemos o que é bom pra um, não necessariamente vai ser para o outro. Na verdade não existe um único caminho, cada um tem o seu.E é preciso aprender a respeitar.
E infeliz daquele que não sabe dizer NÂO e se deixa ser levado de um lado para o outro e sofre as conseqüências em sua própria vida.
Tenha uma linda semana...
Beijos...
Valéria
Sinceramente...
ResponderExcluirEu aprendi dizer não. Não quero pq não posso, não vou pq não devo. Não,não... de certa forma tb...é dizer, sim.
"Dizer não é dizer sim
Saber o que é bom pra mim
Não é só dar um palpite
Dizer não é dizer sim
Dar um não ao que é ruim
É mostrar o meu limite, é mostrar o meu limite
Pra não ter complicação
E completar a ligação
Basta sinceridade
Basta disposição
Dizer não é dizer sim
Saber o que é bom pra mim
Não é só dar um palpite
Não é preciso ficar inseguro
Não é possível concordar em tudo
Somos amigos e isso é um bom motivo
Prá gente ficar junto, pra gente ficar,
gente ficar junto
Dizer não é dizer"
(Kid Abelha)
Wanderley,
ResponderExcluirSempre entendi que manifestar e, naturalmente defender a nossa posição sobre determinado assunto é árduo mas preciso. A idade permite-me nos dia de hoje de um modo coeso manifestar semelhantemente um “Não” ou um “Sim”. Impor nossos pontos de vista não é uma ralação é um procedimento correcto baseado na forma como você, sente e, age perante determinada acção.
Obviamente, cada um de nós pensa e, age de dissemelhante forma, no entanto, é a sua sapiência no convincente “Não” ou “Sim” perante a outra pessoa que ditará a diferença na preservação do respeito que entre ambos advém.
No reverso do seu texto confesso que quanto maior é a aproximação, menor é a dificuldade que sinto para verbalizar essa intenção. Porquê Wanderley?! Naturalmente, porque essa aproximação pressupõe um conhecimento sincero da forma como ajo e, penso sob determinada situação.
Ana
Bom dia, Wanderley.
ResponderExcluirAdoro o blog da Tais é muito bom, suas crônicas são ótimas. Dizer não é fácil o outro ouvir é que as vezes é difícil, contudo, jamais fui influênciada por outros, sou um tantinho insegura mas tenho opinião e você?
Beijo e boa semana.
P.S - Obrigada por ler minha história, Alba foi verdade e fico receosa de exagerar na ficção e perder o rumo.
Me deixem dizer não também!
ResponderExcluirBjs.
Verdade, verdade... Dizer não é difícil, mas é necessário às vezes...
ResponderExcluirEstou reaprendendo a utilizar essa palavra.. ^^
Eu adoro alface!rsrss
ResponderExcluirMas concordo muitas vezes temos dificuldade de dizer Não... E isso tem que ser mudado se quisermos ser mais felizes!
Tenha uma semana maravilhosa!
Beijos repletos de meu carinho!
É muito importante nessa vida saber a hora exata de dizer não....abraços de otima semana.
ResponderExcluirTemos sim o direito de dizer não, mas para muito isto parece mt difícil e as vezes se sacrificam, deixam de ser eles próprios, para não desagradar alguém.
ResponderExcluirEu não tenho dificuldade nenhuma em dizer não, ou sim, para mim é tão fácil, não compreendo esta dificuldade da maioria.
Adorei o texto da Taís, sou seguidora dela.
Amigo, tenhas uma excelente semana.
Aqui está frio e chovendo, mas faz parte da natureza.
Bela reflexão...quanto mais intimo, menor intimidade, quase isso.
ResponderExcluirBeijos meu querido
Aryane Pinheiro.:
Linda semana!
ResponderExcluirBjins entre sonhos e delírios
"Mas o abraço era tão apertado,
tão apertado
que os corpos eram quase mais que colados.
Poderia dizer que eram um só."
A algum tempo resolvi fazer esse emsmo exercício!
ResponderExcluirParar de insistir, respeitar a condição apresentada por cada um... não estou falando de me acomodar com tudo, mas de apenas persistir e nunca insistir(já falei sobre isso no 'Contatos')!
Todos temos o direito legítimo de pensar e querer diferente! Não dá pra esquecer disso nem por um momento.
Boa semana, meu amigo!
Jr.
Ps: Ah, fiz um relato especial sobre o show de Bethâbia aqui em maceió... passa lá!
Entendo sua aversão aquela coisa verde e sem gosto. Mas quer uma dica???? Faça chá de alface, ajuda a conciliar o blog.
ResponderExcluirGostei do blog, mas nao consigo seguir, esta dando erro.
http://tocadocogumelo.blogspot.com/
Hermoso post de hoy mi amigo ... En la mesa de este poeta humilde siempre tiene lechuga, ensalada de siempre, de modo que casi no se enferman. Interesante tu post ... Me gustó ... Usted como siempre publicar cosas maravillosas ... Estás en cuenta mil ...
ResponderExcluirSaludos ...
Exelente matéria, parabeniso por ter achado e colocado a leitura a disposição dos amigos da net.
ResponderExcluirEu também já coloquei algo paracido em meu blog, Dizer não não arde, no marcador contos e cronicas.
Abraço
Concordo plenamente com a autora.
ResponderExcluirGostos, opiniões não devem ser impostos. O respeito à forma como o outro pensa (e nõs também) é fundamental para que haja respeito de convivência.
Abraços, Wanderley.
Entre alfaces, Mafaldas, sopas e Latinos... hahahaha... amazing!!!!! Hugzão, gurizote!!!!!!
ResponderExcluiralface, boa pedida , como bem.rs
ResponderExcluirrespeito também gosto.E digo nao sempre que é nao.
se quero privacidade digo nao a proximidade
meus abraços Wander boa semana
Wanderley, embora goste de alface e hortaliças - rs, concordo muito com o aprendermos a dizer Não.
ResponderExcluirInfelizmente temos uma dificuldade enorme em pronunciá-la. Quantas questões poderiam ser evitadas....
Um beijo
Realmente o amor é inexplicável. Encontramos algumas facetas para entender o amor. Às vezes amamos e não sabemos dos porquês.
ResponderExcluirUm Grande Abraço. Fico aqui admirando as belezas da arte. A arte que enobrece a História.
Olá crido, não me canso de ler os livros da Mafalda(tenho todos) mas ela detesta sopa... quando tiver filhos acho que não lhes vou mostrar os livros.beijinhos
ResponderExcluirEste é um tremendo aprendizado...o não ajuda não dificulta, o não ama, não odeia, é só uma palavra mas...tem muitos precisando impor limites...paz.
ResponderExcluirAdorei a postagem....beijo Lisette.
Oi meu querido, tudo bem?
ResponderExcluirEu adoro alface...mas o texto me passou algo,
olha, eu tento dizer não, estou tentando aprender a dizer não (pra algumas coisas relacionadas aos meus filhos), pois se faz necessário no momento, mas mãe muitas vezes erra e acaba dizendo sim...posso continuar assim não...prejudicarei o amadurecimento de meus filhos.
Então PRECISO APRENDER A DIZER NÃO.
Beijos meu querido.
Adorei o texto!
ResponderExcluirEu, graças à Deus aprendi a dizer "não" pra muita coisa na minha vida, principalmente às coisas que não me faziam bem.
Saudades daqui!!
Beijos querido
Tenha uma ótima semana!
Eu sei que eu devia consumir mais alface, mas resisto, viu! Sabe, às vezes é melhor dizer 'não' do que um 'sim' bambo!
ResponderExcluirCharlie B.
O NÃO é uma maneira de respeitar a nós mesmos...
ResponderExcluirConheci seu espaço no blog O Livro dos Dias Dois. Nós mineiros estamos firmes e fortes aqui hein?!
Aproveito para te convidar a conhecer o meu espaço e catar palavras comigo e com os outros que lá estão.
Eu vou voltar aqui!
Luciana (Catadora de Palavras)
Aprendi a dizer não.
ResponderExcluirAdoro todo o tipo de verduras, legumes e hortaliças, hum... e por falar nelas um prato verde de salada caia muito bem agora.
beijooo.
OI,WANDERLEY, e eu vou dizer o quê, rsrs?
ResponderExcluirSó tenho a agradecer a todos os teus queridos leitores pelos simpáticos comentários e dizer que estou gostando muito...
DEIXO AQUI UM BEIJO A TODOS
TAIS LUSO
Poxa adoro as alfaces, claro que meus preferidos são agrião e couve, mas, as alfaces tem um bom lugar. Dizer não é tão complicado que as vezes afirmamos querendo dizer não como na frase: "Tenho não". Lendo "O outro pé da sereia" do Mia Couto um escritor moçambicano, seu personagem recebe esta frase como resposta e ele devolve em réplica a pergunta: "TENS OU NÃO TENS?". Assim somos nós, muitas vezes duvidosos. Bjs!
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