sexta-feira, 30 de abril de 2010

Curriculum vitae


Não tenho curso de informática.
Não fiz estágio em lugar nenhum.
Não sou ligado à internet.
Não tenho fax, nem micro.

Nome: esqueci.
Faculdade: abandonei.
Não dirijo, nem falo inglês,
se é que você me entende.

Experiência em ficar sentado no sofá,
tirando meleca.
E de vez em quando escrever à mão
coisas de somenos importância.
Assim como esse curriculum.
Quem sabe um dia não sou aproveitado.

Rogério Skylab

Wanderley Elian

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vida fácil



Não era fácil a vida,
nas esquinas vendia barato
seu corpo cansado,
sem escolha ,deitava com
qualquer um,
em casa já clareando
deitava e chorava
pensando no amor
que nunca teve.

Wanderley Elian

terça-feira, 27 de abril de 2010

Banal demais.



Havia coisas que temia. Uma delas era ver homicídios deixando as manchetes e penetrando no interior dos jornais. Enquanto filosofava, tropeçou num corpo estirado, saltou por cima e foi ao supermercado.

Silvio Vanconcellos

Wanderley Elian

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Saber dizer não


– Há anos que minha filha tenta me empurrar alface: segundo seus conhecimentos, seria ótimo se eu comesse alface várias vezes na semana. E levei anos tentando mostrar – com certo jeito – que alface não faz a minha cabeça. Levei anos discutindo sobre alface; e me gastando com as alfaces!
Nunca descobri a obsessão dela por essa coisa sem gosto, mas graças à sua persistência hoje tenho doutorado em alface; para alguma coisa há de servir esse martírio da alface… Essa coisa que não tem gosto de nada, que é pior do que chuchu. Filha querida, não me leve a mal, mas… detesto as tuas alfaces; não gosto de chuchu, couve, vagem e abóbora. Acabou!
Mas deixando estes verdes e alaranjados de lado – que serviram só como intróito -, vejo o tanto que nos gastamos para cuidar do nosso nariz sem interferências. Algumas pessoas gostam de trabalhar em silêncio; outras preferem trabalhar ouvindo jazz ou Piazzolla; outras, ainda, música funk, sertaneja, rock pauleira… Tudo bem, pra mim está ótimo. Mas fico pensando: qual é o motivo que nos leva a defender ‘tese’ quando se gosta de algo e achincalhar os que diferem do nosso gosto? É inexplicável o tanto que temos de explicar. Explicar é cansativo. Confesso que cansei, ‘tô cansadinha’. Preciso de um tempo.
A palavra ‘não’ deveria fazer parte do ‘Compêndio Médico’. É um santo remédio, cura vários males, indo da enxaqueca a outras doenças psicossomáticas. Mas ninguém lê bula, ninguém lê sobre os efeitos benéficos e a posologia de como usar o ‘não’. A insistência irrita. Eu também fui assim, metida… Meu pai gripava, alho nele! Tomou uma vez, e me mandou passear… Depois, caí na real e fiquei quieta.
Acho que essa mania de receitar e ensinar é coisa dos latinos. Temos receitas pra tudo, fora o que aprendemos num salão de beleza, onde há especialistas em problemas emocionais, matrimoniais… É lá onde todas as mães, avós, tias e curiosas se encontram e que tentam nos ensinar como educar nossos filhos.
Onde está, afinal, o nosso livre arbítrio? Seria muito agradável viver segundo nossos conceitos, gostos, vontades, loucuras, enfim. É ótimo exercitar a palavra ‘não’: não quero, não vou, não gosto, não faço… Mas já notei que dizer ‘não’, para certas pessoas, dá muita mão de obra; então vai um ‘sim’, dá menos trabalho. Só temos facilidade em dizer não na adolescência e na velhice: o primeiro porque é rebelde, e não tá nem aí; o outro porque ‘ralou’ muito e já tem ‘direitos adquiridos’.
Impor idéias é uma ação extremamente irritante. Quantas vezes por semana enfrentamos alguém ou forjamos uma desculpa pra cair fora? Quantas vezes nos falam nas coisas mais esdrúxulas como se fossem certas? Vejo pessoas que, por influência de terceiros, vendem suas casas, fazem a faculdade errada, acabam com seus relacionamentos, compram o carro errado, mudam de cidade, comem o que não podem, bebem o que não devem…
Respeitar a vontade das pessoas, dar-lhes espaço, é preservar o relacionamento; mas a gente só respeita o que está ainda longe – quanto maior é a proximidade, menor é a nossa privacidade.

Taís Luso


sábado, 24 de abril de 2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

As pessoas sensíveis


As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinha
Porém são capazes
De comer galinha.
O dinheiro cheira a podre e cheira
À roupa de seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou
Sobre o corpo
Porque não tinha outra
O dinheiro cheira a podre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinha outra.
"Ganharás o pão com o suor de teu rosto."
Assim foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó vendilhões do tempo.
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Wanderley Elian

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Viver plenamente


"É melhor atirar-se em luta em busca de dias melhores, do que permanecer estático como pobres de espírito, que não lutam mas também não vencem; não conhecem a dor da derrota, mas também não têm a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito ao final de sua jornada na terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas se desculpem a Ele por simplesmente terem passado pela vida."

Bob Marley

Wanderley Elian

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A vaidade humana






Quem nunca sonhou em ter o “corpo perfeito”, magra, peitos fartos e firmes, bumbum arrebitado e a famosa cinturinha violão? Ou, quem sabe, um bíceps definido, braços musculosos e aquela barriguinha tanquinho? Isso realmente enche os olhos de qualquer um. Mas quem não se encaixa nesse perfil, como fica?

Muda cabelo, muda bunda, muda peito, muda tudo. A vaidade humana chegou a um grau tão elevado que já não sabem mais o que inventar para ser mudado. Tem gente até tirando costela para afinar a silhueta, sem falar na onda anoréxica que cresce avassaladoramente.

Infelizmente, essa busca se tornou obsessiva e compulsiva. Ter o “corpo perfeito” não é mais sonho, já virou pesadelo. São muitos os casos de pessoas que morrem por causa disso. E as estatísticas apontam que a maior parcela das vítimas é do sexo feminino.
Hoje, as pessoas se preocupam tanto com isso que se esquecem do resto. A televisão é um dos maiores contribuintes a essa apologia. Para se ter uma idéia, uma bunda pode até ganhar um programa de TV, que o diga a Carla Perez!
Não é fácil viver numa sociedade onde os valores são reduzidos a dinheiro e beleza, mas também não é impossível. Porque o que se é, jamais mudará. Cedo ou tarde, a carcaça cai e o que fica são os seus valores éticos, intelectuais, valores que dinheiro algum pode comprar e que, quando são reconhecidos, dificilmente são esquecidos.

Vai uma cirurgia plástica aí?

Ivana Quadros

Wanderley Elian


terça-feira, 20 de abril de 2010

Saber morrer




É hora de partir, meus irmãos , minhas irmãs.
Eu já devolvi as chaves de minha porta,
e desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
e recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
e a lâmpada que ilumina o meu canto escuro,
apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para
a minha jornada.
Não perguntem o que levo comigo:
Sigo de mãos vazias e coração confiante.

Rabindranath Tagore

Wanderley Elian

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Destino



Até que venha
me buscar
a morte,
continuarei a 
traçar o meu
destino.
Se o barco é meu,
sou eu o remador,
e não importa a
correnteza, quem
escolhe o porto
sou eu.

Wanderley Elian

sábado, 17 de abril de 2010

De novo...



"...E de novo acredito que
nada do que é importante se
perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos,
julgando ser donos dos
outros.
Comigo caminharam todos
os mortos que amei, todos os
amigos que se afastaram,
todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a
ilusão de que tudo podia ser
meu para sempre..."

Miguel Sousa Tavares

Wanderley Elian

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Deficientes


"Deficiente" é aquele que não consegue, modificar sua vida, aceitando imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência que é dono do seu destino.
"Louco" é quem procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é aquele que não consegue andar na direção de quem precisa de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não deixa o amor crescer.
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade" é um amor que nunca morre. 

Mário Quintana

Wanderley Elian

quinta-feira, 15 de abril de 2010

De doer



O que eu quero dizer
não digo e, sem perceber
o que fica, comigo
é o dito pelo não dito

o que tento expressar
não sei, não sai do lugar
e, com o que eu falei
não chego onde queria chegar

É deste modo torto de doer
que tento resumir tudo

e se não me faço entender
mais uma vez
volto a ficar mudo

Marcos Palhares

Wanderley Elian

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Punhal de prata



No outro lado
da noite,
a surpresa.
No peito,
o punhal de prata
revela a cor da luz
no fim da vida.

Nildo Freitas

Wanderley Elian

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sem título




"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso pouco as palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calma e perdoo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre."

Clarice Lispector

Wanderley Elian

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A mulher sentada



Mulher. Mulher e pombos...
Mulher entre sonhos.
Nuvens nos seus olhos?
Nuvens sobre o seus cabelos.

(A visita na sala;
o notícia no telefone;
a primavera, além da janela)

Mulher sentada. Tranquila
na sala, como se voasse.

João Cabral de Melo Neto

Wanderley Elian

sábado, 10 de abril de 2010

Livre arbítrio

Quero fazê-lo. O farei.
Posso fazê-lo. O farei, se quiser
Devo fazê-lo. O quero. Posso não fazê-lo,
entretanto.
Sou livre.
Patavina!
Quero matar o rei. Posso? Devo?
Posso matar a mim mesmo. Quero? Devo?
Devo pagar os impostos, o dízimo. Quero? Posso?.
Livre é a pedra que
o pariu!


Isaías Carvalho

Wanderley Elian

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Amores mal Resolvidos



Olhe para um lugar onde tenha muita gente: uma praia num domingo de sol, uma estação de metrô, a rua principal do centro da cidade.
Metade deste povaréu sofre de dor de cotovelo.

Alguns trazem dores recentes, outros trazem uma dor de estima, mas o certo é que grande parte desses rostos anônimos tem um amor mal resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação.
Por que isso acontece?
Tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, menos teórico no assunto.

Acho que as pessoas não gastam seu amor. Isso mesmo.
Os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim.

Você sabe, o amor acaba. É mentira dizer que não.

Uns acabam cedo, outros levam 10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais. Mas um dia acaba e se transforma em outra coisa: lembranças, amizade, parceria, parentesco, e essa transição não é dolorida se o amor for devorado até o fim.

Dor de Cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote. O amor tem que ser vivenciado. Platonismo funciona em novela, mas na vida real demanda muita energia, sem falar do tempo que ninguém tem para esperar. E tem que ser vivido em sua totalidade.

É preciso passar por todas as etapas: 
atração-paixão-amor-convivência-amizade-tédio-fim.

Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estarmos abertos para novos amores.
Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez.
Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize.
Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para Ser Feliz Novamente!!!

Arnaldo Jabor

Wanderley Elian

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pivete



Minha lei é um
fundo de garrafa,
minha casa é a
rua,
minha comida é
o lixo,
meu pai
desconheço,
minha viagem é
o crack,
minha redenção é
a morte...

Wanderley Elian

quarta-feira, 7 de abril de 2010

#262



Eu não vi os seus olhos me olhando,
eu não vi você chegando
e você se sentou ao meu lado,
e nós falamos por horas.

Eu não ouvi os seus pensamentos,
eu não ouvi os seus batimentos,
eu não percebi quando você
foi embora.

Kenia Cris

Poesia Torta

Wanderley Elian

terça-feira, 6 de abril de 2010

Amor



Rasgue todos os
retratos,
queime todas as
cartas;
despeje o resto do
perfume no ralo,
mude de caminho,
troque a fechadura.
Mas, não se esqueça de
tirá-lo do
coração.

Wanderley Elian
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