quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Beco Imundo




Que bom andar trôpego pelas ruas
Debruçado em balcões
Dormindo em caixas de papelões
Atirando garrafas
Lambendo o céu néon
Jogado com putas nas camas
Trombando bucetas fumegantes
Arrastando corpos infames
É bom o cheiro do mangue
É linda a merda na latrina
Becos de Sevilha
Atrás de alguma rapariga
Quero o ranger da noite
Seu hálito frio 
Sua boca aberta
Seu bafo vadio
Ah eu quero
Também ficar nu
Alto edifício
Telhado lantejoula
O saco que nem cebola
Voar em cima do teu baú
Comer fuder pupuaçu
Meter nas cadelas
Fornicar perebas
Coçar remelas
Travestido poeta
Mordaça no limite da glande
Estrangula meu desejo
Jorra esgoto bacilo 
Lembrança teu rosto mar morto
Ama-me na lama azul
Rasgo-te o cu
Ontem sai da taberna
Louco ódio andarilho
bocejei
Olhei em cima
Era tua face abissínia
Adormeci na tarde pestilenta
Li tua poesia agourenta


Biosas 

Wanderley Elian

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vida inútil


Nada mais triste que ao fim da jornada,
Amigos não granjeou, ninguém conquistou:
Partir sozinho, é o fim da picada!

Bosco Esmeraldo

Wanderley Elian

Vou ficar em forma (mini texto)


Entrei para academia. Estou muito feliz!!! Acordo as 06:00 horas, tomo um bom banho, pego minha mochila, e lá vou eu... Chegando, vou direto fazer alongamento para começar as atividades. Primeiro 00:30 minutos de esteira,  após, corro para os pesos para exercitar os bíceps , meu professor já elogiou minha disposição. Estou todo suado após fazer 200 abdominais, mas ainda sobra fôlego para as barras. Terminadas as atividades , chegando em casa tomo um copão de suco de laranjas , como um sanduiche natural e...
Graças a Deus o relógio desperta, e eu acordo.
Estou tão cansado que nem vou trabalhar.

Wanderley Elian

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Circo, o Menino a Vida


A moça do arame
equilibrando a sombrinha
era de uma beleza instantânea e fulgurante!
A moça do arame ia deslizando e despindo-se.
Lentamente.
Só para judiar.
e eu com os olhos cada vez mais arregalados
até parecerem dois pires:
Meu tio dizia
"Bobo!
Não sabes
que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo?"
(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem biquinis...)
Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens
segredava-me
sempre:
"Quem sabe?...
Eu tinha oito anos e sabia esperar.
Agora não sei esperar mais nada.
Desta nem da outra vida,
No entanto o menino
(que não sei como insiste em não morrer em mim)
ainda e sempre
apesar de tudo
apesar de todas as desesperanças,
o menino
às vezes
segreda-me baixinho
"Titio, quem sabe?..."
Ah, meu Deus, essas crianças!

Mário Quintana

Wanderley Elian

sábado, 25 de setembro de 2010

Humor -INSS


Depois de aposentar-me, fui ao INSS para receber meu benefício.
A mulher que me atendeu solicitou minha identidade para ver a minha idade.
Chequei meus bolsos e  percebi que a tinha deixado em casa.
Disse à mulher que lamentava, mas teria que ir até a minha casa e voltar depois.
A mulher disse: "Desabotoe a sua camisa".
Então, desabotoei a minha camisa, deixando expostos meus cabelos crespos prateados.
Ela disse: "Esse cabelo prateado no seu peito, é prova suficiente para mim", e processou o pagamento.
Quando cheguei em casa, contei entusiasmado o que ocorrera para minha esposa.
Ela disse: "Porque você não abaixou as calças? Você poderia ter conseguido auxilio invalidez também...

Wanderley Elian

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nota de esclarecimento

Ontem postei um poema chamado Tico-Tico no Fubá do poeta Apegaua (ver abaixo). Pelos comentários, percebi que muitas pessoas desconheciam a música . Desta forma resolvi dar os esclarecimentos para maior compreenção do poema.
"Tico-Tico no Fubá" é uma cançao de choro, composta por Zequinha de Abreu. Com o tempo tornou-se uma das canções brasileiras, mais conhecidas de todos os tempos. Foi gravada por Carmem Miranda, Ray Conniff entre outros.
Foi apresentada pela primeira vez em um baile na cidade de Santa Rita de Passa Quatro em 1917 com o nome de Tico-Tico no Farelo. A canção recebeu o nome atual em 1931, já que existia outra com o mesmo título composta por Canhoto. No mesmo ano foi incluída pela primeira vez em disco, gravado pela Orquestra Colbaz.
Atingiu o ápice de sua popularidade, nos anos de 1940, quando foi incluída em 5 filmes estadunidenses. A Filha do Comandante, Escola de Sereias,  Kansas City Ktty e Copacabana, em versão interpretada por Carmem Miranda. Em 209, fou gravada por Daniela Mercory em 13º álbum.
(fonte: Wikepédia)

Obs: Hoje a expressão "Tio-Tico no Fubá", é muito utilizada para designar pessoa que não é casada nem solteira (enrolada rsrsrs)



Wanderley Elian

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tico-tico no fubá


Longe
onde estou
Perto onde ti considero
impossível nosso encontro.
Já não existe claridade.
Sorrindo a noite chega para
indagar
Se é sério
Ou iremos nos acomodar
Feito tico-tico no fubá...

Apegaua

Wanderley Elian

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Porta aberta


Pela mesma porta que
sai um amor, entra outro,
o importante,
é sempre deixar
a porta aberta.

Wanderley Elian

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Morrer...Dormir...


Morrer...Dormir... Nada mais! Termina a vida
E com ela terminam nossas dores:
Um punhado de terra, algumas flores,
E às vezes uma lágrima fingida!
Sim! Minha morte não será sentida;
Não deixo amigos, nem tive amores,
Ou se os tive, mostraram-se traidores,
Algozes vis de uma alma consumida.
Tudo é podre no mundo. Que me importa
Que ele amanhã se esbroe e que desabe,
Se a natureza para mim é morta!
É tempo já que meu exílio acabe...
Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta!
Morrer...Dormir...Talvez sonhar...Quem sabe?


Francisco Otaviano

Wanderley elian



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Preconceito


"Enfrentar preconceitos é o preço que se paga por
ser diferente"

Luiz Gasparetto

Wanderley Elian

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ocorrência policial



Acho que
um e setenta
de altura
talvez tanto menos
ou não
não sei,
não sou bom 
com medidas

Os olhos
do tipo que espreita
a íris escura
ou era
uma outra cor
de outra dimensão
e as pupilas
dilatadas

a pele morena
perfeita
de lisa textura
não sei...
havia suor
de boa dentição
eu senti 
nas mordidas

A boca 
estreita
a língua
é dura
aprendi de cor
ela em ação
sujeitinho
atrevido

Ele foi 
violento
linha dura
me bateu 
sem pudor
sem compaixão
e levou
minha vida...

Adaptado do poema de
Wasil Sacharuk

Wanderley Elian




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Catarse


Esqueça todas as 
lembranças,
rasgue todos os
retratos,
exorcize os demônios,
exponha as vísceras,
deixe sangrar  as
feridas,
lamba os orifícios.
E na hora do banquete
sirva seu coração
apodrecido.

Wanderley Elian

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cavar interior


Cada dia 
Um cavar interior
Retirando entulho

Assim as águas
Conseguirão jorrar
Livremente!!!

Lenita Tiago

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Saudade


...a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu...

Chico Buarque

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nada é certo


Ninguém avança pela vida em linha reta. Muitas vezes , não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes,perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda sua vida pra viver. Alguns gastam um cem número de vidas no decurso da sua estadia cá em baixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutávelmente para trás, atolados no caminho. Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar.

Henry Miller

Wanderley Elian

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ironia do destino (mini conto)


Quando ele nasceu, era verão e o Sol brilhava radiante. Seus pais, então deram-lhe o nome do astro rei.  O Sol foi crescendo forte e lindo, e por onde passava, deixava um rastro de luz. Na adolescência apaixonou-se pela primeira vez. Era uma garota linda, com os olhos negros como a noite. Perguntou-lhe o nome, e ficou sabendo que era Lua. Daí em diante, o Sol foi perdendo o brilho,  desde criança ouviu dizer que "o Sol não pode viver perto da Lua"
Pela primeira vez, o Sol sentiu o frio do inverno em seu coração.

Wanderley Elian

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Solidariedade



"A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca"
Saint-Exupéry

Wanderley Elian

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Laço e o Abraço


Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso, um laço...uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: Coração, com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço:  um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que e que acontece? Vai escorregando devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto o vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim, o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes,igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então amor e amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser laço!

Maria Beatriz Marinho dos Anjos



Wanderley Elian


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poetrix


Escrevo o que meu coração
dita.
Tem dia, que meu coração
está tão triste
e calado...
Por isso não escrevo
todos os
dias.

Wanderley Elian

sábado, 4 de setembro de 2010

NARIZTUPIDO(Humor)


Lá pelas bandas de Maria da Fé, interior de Minas Gerais, um casal de primos caminhava pelos pastos da fazenda, até que viram um cavalo tranzando com uma égua, e a prima logo perguntou:
- Carz Alberto..., o que é aquilo?
- Eis tão casalano...sô! A égua tá no cio, o cavalo percebeu isso e tá mandando brasa!!!
- Mas cumé que o cavalo sabe que ela tá no cio, primo?
- Aaara!! , é que o cavalo sente o cheiro da égua no cio, sô!
Passando mais adiante, viram um bode tranzando com a cabra, e a prima fez a mesma pergunta, a que o primo deu  resposta equivalente.
Mais na frente eram o boi e a vaca, o motivo de nova pergunta e nova resposta, similar - que o boi também sentia o cheiro da vaca no cio... e foi aí que a prima perguntou:
- Ô primo , se eu perguntar uma coisa procê, cê jura que não vai ficar chatiado?
- Claro que não prima! Cê pode perguntá!
- OCE TÁ COM O NARIZTUPIDO ?

Wanderley Elian

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pérolas aos porcos


Eis que me faço doente; Sou doente! Temos falhas físicas e mazelas. Temos o aborto, a incompreensão, o abandono dos incapazes. Temos o veneno, o gosto azedo e amargo da sociedade. Eis que nos fazemos doentes; somos doentes! Vomitamos muito a violência, criamos esgotos. Temos fome e damos a descarga! Temos um avanço progressivo que mais se assemelha à fatalidade. Uma fatalidade, pois estamos fadados ao erro. Nós somos o erro e justos. Os criadores de todas as mazelas. Progredimos? Sim, progredimos! Mas olha lá  quantos monstros no meio do caminho por nos digladiarmos. Somos a lágrima, o sal insípido; somos a falta de paz, coadjuvantes das guerras e dos atos assassinos, pois assistimos em silêncio aqueles que são mortos. Éramos as pérolas! Mas no jogamos por conta própria aos porcos. Pérolas aos porcos. Pérolas aos porcos, num fim de mundo, no fim do mundo, do mundo, de um mundo sem paz!

Márcio de Andrade Gomes

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O que é se colocar no lugar do outro

Uma das operações psíquicas mais sofisticadas que aprendemos, lá pelos 7 anos, é esta, de tentarmos sair de nós mesmos para imaginar como se sentem as outras pessoas. De repente podemos olhar para a rua num dia de chuva e imaginar – o que, de certa forma, significa sentir – o frio que um outro menino pode passar por estar mal agasalhado.


Nossa capacidade de imaginar o que se passa é como uma faca de dois gumes. O engano mais comum – e de graves conseqüências para as relações interpessoais – não é imaginarmos as sensações de uma outra pessoa, e sim tentarmos prever que tipo de reação ela terá diante de uma certa situação. Costumamos pensar assim: "Eu, no lugar dela, faria desta maneira." Julgamos correta a atitude da pessoa quando ela age da forma que agiríamos. Achamos inadequada sua conduta sempre que ela for diversa daquela que teríamos. Ou melhor, daquela que pensamos que teríamos, uma vez que muitas vezes fazemos juízos a respeito de situações que jamais vivemos. Quando nos colocamos no lugar de alguém, levamos conosco nosso código de valores. Entramos no corpo do outro com nossa alma. Partimos do princípio de que essa operação é possível, uma vez que acreditamos piamente que as almas são idênticas; ou, pelo menos, bastante parecidas. 

Cada vez que o outro não age de acordo com aquilo que pensávamos fazer no lugar dele, experimentamos uma enorme decepção. Entristecemo-nos mesmo quando tal atitude não tem nada a ver conosco. Vivenciamos exatamente a dor que tentamos a todo o custo evitar, que é a de nos sentirmos solitários neste mundo. Sem nos darmos conta, tendemos a nos tornar autoritários, desejando sempre que o outro se comporte de acordo com nossas convicções. E assim procedemos sempre com o mesmo argumento: "Eu no lugar dele agiria assim."
A decepção será maior ainda se o outro agiu de modo inesperado em relação à nossa pessoa. Se nos tratou de uma forma rude, que não seria a nossa reação diante daquela situação, nos sentimos duplamente traídos: pela agressão recebida e pela reação diferente daquela que esperávamos. É sempre o eterno problema de não sabermos conviver com a verdade de que somos diferentes uns dos outros; e, por isso mesmo, solitários.
Aqueles que entendem que as diferenças entre as pessoas são maiores do que as que nos ensinaram a ver desenvolvem uma atitude de real tolerância diante de pontos de vista variados a respeito de quase tudo. Deixam de se sentir pessoalmente ofendidos pelas diferenças de opinião. Podem, finalmente, enxergar o outro com objetividade, como um ser à parte, independente de nós. Ao se colocar no lugar do outro, tentarão penetrar na alma do outro, e não apenas transferir sua alma para o corpo do outro. É o início da verdadeira comunicação entre as pessoas.


Flávio Gikovate


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