segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Solidão


Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.


Fátima Irene Pinto






domingo, 29 de novembro de 2009

Amor impossível


Por medo,
ter que abortar este amor
que hora se fecunda,
vivê-lo de sonhos
como se impossível
fosse,
sofrer a angústia
de estar perto
sem tocar,
sem falar
ouvir o coração bater nitidamente
torcer para que
o tempo passe
e chegue o
esquecimento,
como se esquecê-lo
possível fosse.
Sentir a sensação
de ter vivido um momento
sem tê-lo esgotado
totalmente
te ter em pesamento
eternamente.

Wanderley Elian

sábado, 28 de novembro de 2009

Inteira


Por mais que não queira
espero que retorne inteira
com a gordura que esquenta a carne,
com a pele que cobre a caveira
os cílios sobre os olhos
o suor sob os poros
e o sangue nas veias.

Na impossibilidade de ser assim
vem o que vier, paciência
colaremos os pedaços
as pernas, as orelhas e braços
e levantaremos um brinde
à ciência.

Marcos Palhares

Wanderley Elian

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Carência



Me beije,
me abrace,
você gosta de mim?
Diz que me ama,
olhe para mim,
fale comigo,
onde você vai?
Pô dá um tempo,
me deixe respirar,
pare de mendigar amor,
se goste mais.
Gente carente
fica tão a mercê...

Wanderley Elian

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Silêncio


Fim de tarde...
Chove.
Dor.
Um grito.
Fim de vida.
Silêncio...
Esperanças perdidas,
planos interrompidos,
festa acabada.
Continuar vivendo como
se a morte não existisse,
como se a dor não
existisse,
como se só existisse
o momento.

Wanderley Elian

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tudo é fútil





Tudo é fútil
O mundo é banal...
Meu cachorro latiu
O menino correu do cão
E pegou uma pedra no chão
E acertou no meu cão.
Se meu cachorro morrer
Eu vou te matar também
O meu cãozinho
Não ia morder você.
O menino é cruel
Meu cachorro tão bom
Sempre atento me avisa
Quando tem ladrão
Ele não come carne
De terceira.


Marcelo Máximo


Wanderley Elian

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Escrevo-te





Escrevo-te
ancorada na saudade,
sob o riso irônico
da ausência,
para contar-te de minha solidão
e da vontade insana
de teus beijos!



Vyrena



Wanderley Elian

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Seja o que você é



Ser pessoa consiste em ser o que se é
na verdade de todas as suas capacidades,
sem mentiras,
sem falsificações,
sem máscaras.
Mas o homem tem medo da verdade
de si mesmo,
suscitando fugas,
atitudes compensatórias,
tudo quanto contribui
para que a criatura humana não se assuma,
não aceite a sua verdade genuína
e, por isso mesmo, não se contrua.
Necessário se faz,
que o homem assuma sua verdade,
construindo,
com palavras e gestos concretos,
a sua verdadeira identidade.
O importante é aceitar-se
como realmente se é
com as qualidades específicas
e também com todas as limitações,
com todos os defeitos e virtudes.
Somente assim poderá o homem percorrer
o caminho da autenticidade
e ser feliz.

Fernando Iório

domingo, 22 de novembro de 2009

Decepção



Esperei o telefone
tocar várias vezes
para não perceberes
que estava colado a
ele aguardando sua
ligação,
prefri assentar
pois as pernas
tremiam,
controlei a vóz
para disfarçar a anciedade,
quando respirei fundo
e atendi
era engano.

Wanderley Elian

sábado, 21 de novembro de 2009

Vaidade



Uma mulher foi levada às pressas para o UTI de um hospital.
Lá chegando, teve a chamada "quase morte", que é uma situação pré-coma.
E, neste estado, encontrou-se com o Deus:
- Que é isso ? Eu morri? - perguntou ao criador.
- Não , pelos meus cálculos, você morrerá daqui a 43 anos, 8 meses, 9 dias e 16 horas, respondeu o eterno.
Ao voltar a si, refletindo o quanto tempo ainda tinha de vida, resolveu ficar ali mesmo naquele hospital e fazer uma lipoaspiração, uma plástica no rosto, correção de nariz, uma plástica de restauração de seios, tirar todos os excessos, as ruguinhas e tudo mais que podia mexer para ficar linda e jovial.
Após alguns dias de sua alta médica, ao atravessar a rua, veio um veículo em alta velocidade e a atropelou, matando-a na hora.
Ao encontrar-se de novo com Deus, ela pergunta irritada:
- Puxa, Senhor, você não disse que eu ainda tinha 43 anos de vida. Por que morri logo depois de toda aquela despesa com a cirurgia plástica!!!???

- MENINA JURO QUE NÃO TE RECONHECI !!!

(desconheço o autor(a))
Colaboração da amiga Ambrosina

Wanderley Elian

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sem despedida

Não esqueça
de pegar a camisa
que ficou no varal
acabando
de secar,
quando puder,
venha pegar os
livros,
não precisa levar
tudo hoje,
deixe comigo
o violão que compramos
a dois, talvez eu precise
tocar umas conções
de amor,
quando sair não faça barulho
prefiro continuar
fingindo que durmo,
evitaremos despedidas.
Vou trocar a
fechadura
assim, acreditari que não
voltou porque
não tinha a chave.

Wanderley Elian


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Lágrimas Ocultas




Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca


Wanderley Elian

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A espera



Na parede,
o retrato amarelado
marca o tempo,
o pó se acumula sobre
os móveis,
de nada adinata os
espanadores,
as plantas e o conário
morreram.
E ela na janela,
de olhar fixo na estrada
espera por seu grande
amor,
que se foi promentendo
voltar.

Wanderley Elian

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Primeiro levaram os negros



Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns
desempregados
Mas como tenho emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como eu não me importei com
ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht
(1898 - 1956)

Wanderley Elian

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O que é pênis



Esclarecimento em relação
ao título do livro

O título da capa é mentiroso.
Nunca falei "meu pênis" em minha vida.
Nem você - tenho certeza. Mas como, para
mim, caralho é muita grossura, preferi ficar com o
pinto (filho da galinha), que eu acho tão engraçadinho quanto o próprio.
Porque então "pênis" na capa?
Ô meu! Você acha que se eu pusesse "o que é
o Caralho", as livrarias se animariam a expor o
livro?
Pois é. Veja você como esse infeliz é perse-
guido.
Nem sequer ser nome (popular) pode aparecer em público...

É dele e disso que eu vou falar.
(nota do autor)

Titulo: O que é pênis
Autor: José Angelo Gaiarsa
Coleção primeiros passos
Editora Brasiliense

domingo, 15 de novembro de 2009

A Roupa



A roupa
No secadouro
Ali está

Enrodilhada a vento

Exasperando

Um perfume

De memórias

Aurelino Costa

Wanderley Elian

sábado, 14 de novembro de 2009

Contando Estrelas



Contei todas as
estelas,
faltava uma;
talves ela tenha
desistido de brilhar,
ou estava cansada
e foi dormir mais cedo,
só sei que ficou um
vazio no céu,
como fica um vazio
no coração
de quem não ama
porque tem medo
de sofrer.

Wanderley Elian

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Guimarães Rosa



"...Já não preciso de rir. Os dedos longos do medo largaram minha fronte. E as vagas do sofrimento me arrastaram para o centro do remoinho da grande força, que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...Já não tenho medo de escalar os cimos onde o ar limpo e fino pesa para fora, e nem deixar escorrer a força dos meus músculos, e deitar-me na lama, o pensamento apiado ...Deixo que o inevitável dance, ao meu redor, a dança das espadas de todos os momentos. E deveria rir, se me restasse o riso, das tormentas que poupam as furnas de minha alma, dos desastres que erraram o alvo do meu corpo..."

João Guimarães Rosa

Referência:
Consciência Cósmica. Pág. 146
Fonte: Jornal Pampulha

Wanderley Elian


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