domingo, 28 de junho de 2009

Volúpia


No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
 
A sombra entre a mentira e a verdade...
A núvem que arrastou o vento norte...
--- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
 
Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
 
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...

Florbela Espanca                           
Wanderley Elian

4 comentários:

  1. Florbela é divina. Faz-nos renascer a cada verso, ainda que fale em morte, tristeza e solidão.
    Dá-nos a impressão onírica de que a vida pode ser resplandecente e bela.
    Gostei!

    beijos!

    Lu

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  2. Oi Lu, obrigado pela visita e por estar me seguindo. Adorei
    Beijos

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  3. Ai Wanderley, eu amo Florbela Espanca e essa poesia dela é ma ra vi lho sa !!
    Adorei!

    Um beijo

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  4. Wanderley,
    Florbela Espanca foi uma poetisa que reuniu um conjunto de poemas e, sonetos possuídos por uma intensidade imensurável com que o amor pode ser sentido.

    Confesso Wanderley que essa carga lancinante de sentir o amor sempre me confundiu. Esse sentimento confuso que Florbela despertou em mim, converteu-se no desejo de apreender a mulher que se ocultava por detrás desses poemas.
    Naturalmente se dissipou quanto inteirei-me da sua biografia. Nesse instante esses sentimentos se transformaram em compreensão e, uma sincera admiração.

    Um ténue e, delicado dia para si.

    Ana

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passou por aqui . deixe sua impressão . obrigado

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