segunda-feira, 29 de junho de 2009

Poema


Na primeira noite
eles se aproximam
e colhem uma flor
de nosso jardim
e não dizemos nada.

Na segunda noite,
já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dizemos nada,
já não podemos dizer nada.

Maiakowsky

Wanderley Elian

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