Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.
Marina Colasanti
Wel
WANDERLEY
ResponderExcluirAntes de mais. quero dar-lhe os meus parabéns quer pela excelente imagem de apresentação do NOVAS ESTAÇÕES, quer pelo bom gosto patente em todo o Blog.
Muito bom este texto de Marina Colasanti.
Obrigado pela amável vista.
abç
G.J.
Esse poema é indecente e escandaloso.
ResponderExcluirEscandalosamente maravilhoso.
Indecentemente verdadeiro.
Eis a poesia, botando dedos nas feridas.
Descrevendo com maestria o cotidiano.
É por isso que amo a escrita.
Doa a quem doer.
Somos humanos.
Semelhantes.
Nos erros e nos acertos também.
Parabéns à poetisa.
Parabéns a você pela escolha.
Lila