terça-feira, 12 de outubro de 2010

A moça e o trem


O trem de ferro
passa no campo
entre telégrafos.
Sem poder fugir
sem poder voar
sem poder sonhar
sem poder ser telégrafo.

A moça na janela
vê o trem correr
ouve o tempo passar.
O tempo é tanto
que se pode ouvir
e ela o escuta passar
como se outro trem.

Cresce o oculto
elástico dos gestos:
vê planta crescer
sente a terra rodar:
que o tempo é tanto
que se deixa ver.

João Cabral de Melo Neto

Wanderley Elian

33 comentários:

  1. Parodiando Chico Buarque: "Pra ver o trem passar contando coisas...tantas coisas.

    Bjs.

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  2. Adoro João Cabral de Melo Neto. Bom feriado!

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  3. Adorava ir pro centro da cidade ver o trem passar.rs
    verdade, o barulhinho no trilho nunca esqueci.
    abraços Wnaderley
    já voltou? ou programou?
    fique bem

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  4. Oi.. Tudo bem?
    Que bacana esse seu blog, muito interessante estou lendo vários poemas aqui. Esse mesmo é muito lindo. Parabéns pelo Blog e pelos poemas.
    Vou continua acompanhando seus poemas, pois já tou seguindo já. Segue o meu lá também, tem um trabalho bem bacana.

    http://galeriadephotoos.blogspot.com/

    Saudações, Abraço!

    Suedivaldo

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  5. Já não ando de trem há tanto tempo. Que saudades.

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  6. Wanderley, meu querido
    Tenho paixão pelo trem!
    Sendo filha de ferroviário, tenho sempre viva na memória a minha distante infância, em cujos trilhos havia sempre uma composição a correr...
    Agora você me oferece, não bastasse o trem, João Cabral de Melo Neto!
    Grata, meu querido amigo!
    Enorme abraço.

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  7. Adoro João Cabral, tão real seus poemas! E as férias?
    Bj*

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  8. Bom dia!
    Belo poema.
    Justifico minha ausencia por estar em viagem e por estar totalmente envolvida no Concurso de Poesia Oficina da Palavra.
    Depois te trago o Selo e o Baner do Concurso pra voce expor por aqui caso queira divulgar.
    Saudades de voce e daqui nesse canto de encanto.
    Bjins

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  9. O tempo passa tão depressa, mas é estranho como as vezes ele passa imensamente devagar, principalmente quando a saudade é grande e o reencontro é marcado e remarcado e mais uma vez adiado...
    Beijos

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  10. Só depois
    Com o trem já distante
    É que o tempo,
    Astuto, manhoso,
    Aflora soluções tardias...
    Apenas, olho contemplando.

    Tácito

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  11. Adoro o barulho do trem. Podia ficar escutando o dia inteiro.

    Beijos!

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  12. Olá meu cara amigo Wanderley Elian, que belo poema, toda genialidade desse grande poeta.Uma bela imagem.

    forte abraço

    C@urosa

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  13. Que ela saiba voar para além da janela...
    Bj Wander!

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  14. grande poema, bela lembrança


    abraço

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  15. O comboio passa...e a vida dessa moça não para...
    Beijo d'anjo

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  16. Podemos sempre estar em constante viagem, não importa onde estejamos!

    Abraços

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  17. Hummmmm!!!!!!!
    Delícia de texto!
    Adorei!

    beejo, beejo!

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  18. Ai,que adoro poesia!De todas as cores ,de toda gente!

    "... É a conta que "me cabe" neste latifúndio"

    hehe


    Parabéns.

    Boa semana

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  19. Se não podemos embarcar no trem, deixamos ao menos nossos sentidos viajarem nele que nos toca com seu "piui" e segue veloz os seus caminhos no trilho...

    Um beijo!!

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  20. É o que cham viajar sem sair do sítio!
    BEIJOS

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  21. Cheguei até aqui por causa da Saozita, parabéns pelo duplix, Wanderley!! Um bom feriado e bela poesia!! :)

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  22. Um tempo palpavel...vivo.
    A vida,um trem desgovernado.
    a moça, estagnada vendo passar.
    Achei uma coincidência interessante.
    Estamos usando a mesma imagem.
    Com algumas diferenças.
    Beijos

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  23. Queria poder pegar o tempo... Não é possível... Talvez eu volte a ser criança, talvez eu possa pegar o tempo.

    Abraço.

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  24. João Cabral de Melo Neto, gosto muito do estilo dele. Escreve muito bem. Bom restiinho de semana.
    Beijos!

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  25. se tem algo que não gosto de perder...é o tempo...este, não volta mais...

    beijos em você!!!

    Bia

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  26. E o tempo passa e o trem segue, como tudo na vida...as vezes ficamos a observar a vida a passar...
    Bjos achocolatados

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  27. O Trêm vai, o Trêm volta... E tudo continua sempre a mesma coisa... Poética perfeita, escolha mais que perfeita...

    Abração...

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  28. Magnífico! Que poema lindo!

    O olhar de fora da janela é um espetáculo, principalmente quando esse olhar vira uma poesia!



    Abraços!

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  29. Acredita que, com 46 anos de vida nunca andei de trem? não sei nem porque! talvez oportunidade, sei lá....rs. beijITinhos de IT, a mulher que nunca andou de trem.

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  30. Lindo, Wanderley. O Cabral é tudo de bom. O lado romântico do ver o trem passar e "viajar" na imaginação. Só não curti muito o trem-bala no ano passado. Parece um avião, o bicho, e na terra. :)
    Beijo

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  31. Oi amigo..

    Que lindo poema do Cabral de Melo Neto... Somente um blog tão bacana como o seu e alguém de sensibilidade gigantesca feito vc poderia nos presentear com tanta beleza... Abraços!1 Luz e Paz!

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passou por aqui . deixe sua impressão . obrigado

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