
terça-feira, 31 de março de 2009
Sem título

."...E de novo acredito que
nada do que é importante se
perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos,
julgando ser donos das
coisas, dos instantes dos
outros.
Comigo caminharam todos
os mortos que amei, todos
os amigos que se afastaram,
todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a
ilusão de que tudo podia ser
meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
Reflexão:
"Felicidade se encontra em horinhas de descuido..."
Guimarães Rosa
Wel
segunda-feira, 30 de março de 2009
Ah se eu soubesse...

“ Se eu pudesse começar de novo, eu atreveria a cometer mais erros. Eu relaxaria. Faria mais exercícios, seria mais tola. Eu levaria menos coisas a sério e iria aproveitar mais as chances. Teria viajado mais, escalado mais montanhas e nadado em muitos outros rios. Teria tomado mais sorvetes e comido mais feijão. Eu teria, talvez, mais problemas verdadeiros, mas menos imaginários.
Veja você, eu sou uma dessas pessoas que viveu sensata e sadiamente, hora após hora, dia após dia. Ah, eu tive os meus momentos, mas se pudesse fazer de novo, eu teria mais deles. Na verdade, eu iria tentar não ter nada além deles – só momentos – um após outro, em vez de viver anos a frente.
Tenho sido uma dessas pessoas que nunca sai para qualquer lugar sem um termômetro, uma bolsa de água-quente. Se eu pudesse ter minha vida de volta, eu começaria a andar descalça na primavera e assim iria até o outono. Eu dançaria mais, me divertiria mais nos carrosséis, iria pegar mais margaridas.”“
Veja você, eu sou uma dessas pessoas que viveu sensata e sadiamente, hora após hora, dia após dia. Ah, eu tive os meus momentos, mas se pudesse fazer de novo, eu teria mais deles. Na verdade, eu iria tentar não ter nada além deles – só momentos – um após outro, em vez de viver anos a frente.
Tenho sido uma dessas pessoas que nunca sai para qualquer lugar sem um termômetro, uma bolsa de água-quente. Se eu pudesse ter minha vida de volta, eu começaria a andar descalça na primavera e assim iria até o outono. Eu dançaria mais, me divertiria mais nos carrosséis, iria pegar mais margaridas.”“
Nadine Stair
Wel
domingo, 29 de março de 2009
Crepúsculo -

Nós perdemos também este crepúsculo.
Ninguém nos viu à tarde com as mãos unidas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Vi, de minha janela,
a festa do poente nos montes distantes.
Às vezes, qual moeda,
acendia-se um pouco de sol em minhas mãos.
Eu te recordava com a alma apertada
por essa tristeza que conheces em mim.
Então, onde estarias?
Junto a que gente?
Dizendo que palavras?
Por que me há de vir todo este amor de um golpe
quando me sinto triste e te sinto distante?
Caiu-me o livro que sempre se escolhe ao crepúsculo,
e como um cão ferido rolou-me aos pés a capa.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
até onde o crepúsculo corre apagando estátuas.
Pablo Neruda
Wel
sábado, 28 de março de 2009
Rápido e rasteiro
sexta-feira, 27 de março de 2009
Bolero de Ravel

A alma cativa e obcecada
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia.
As mãos não tocam jamais o aéreo objeto,
esquiva ondulação evanescente.
Os olhos, magnetizados, escutam
e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa,
está presa...
Os tambores abafam a morte do Imperador.
Carlos Drummond de Andrade
Wel
quinta-feira, 26 de março de 2009
Solidão
quarta-feira, 25 de março de 2009
Todas as cartas de amor...

Todas as cartas de amor são
ridículas.
Não seriam cartas de amor se
não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo
cartas de amor,
como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
cartas de amor
É que são ridículas.
Quem me dera no tempo em
que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos
Wel
terça-feira, 24 de março de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
Fogo -Inscricação para uma lareira(Os quatro elementos III)

A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas.
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas !
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...
Mário Quintana
Reflexão:
"A reputação é como o fogo: uma
vez aceso, conserva-se bem; mas
se apagado, é difícil acendê-lo"
(Plutarco)
Wel
domingo, 22 de março de 2009
Terra (Os quatro elementos - II)
De todos os minerais,
somados a uns tantos ais,
e toque do Dedo Divino,
surgistes em mesclado pó...
Primeiramente acalmastes o coração,
preparando-te em tempos milhares,
em mutações seculares,
surgistes como pequeno grão
no espaço Universal...
Eis que tu transcendes...e te ascendes
em cadinho missional,
para tantas formas de vida
que a divindade desprende...
Terra...estrutura básica da forma em mim,
Terra...de Todos, Mãe atávica,
elemento do concreto eu,
pois em ti tens
os componentes da matriz
de todos terráqueos gens!
Terra, essa crosta planetária
que abriga rios e mares,
orienta os ventos,
te vestes de verdes florestas,
a quem ofertas os cristais alimentos...
Terra, do Planeta terra,
que quando inspiras, eleva-te em montanhas,
e ao expirar, deita-te em vales floridos,
onde o sol e a Lua brincam nas tuas entranhas...
Rainha entre os Reais componentes,
assim com os teus três irmãos elementos,
promoves a vida gerando flores, frutos e sementes,
eterno reciclado Paraíso,
pó, barro Adão, costela Eva...
...e o Universal Aviso...
Terra...
Terás
Elementos
Raros
Ratificando
Amor...
Depois... ( depois de todos os "hojes" )
Terra eu serei outra vez,
quando enterrar meu coração
no alto da Montanha!
Postado por: Gaivota22
Wel
sábado, 21 de março de 2009
Cântico XI (Os quatro elementos I)

Vê formaram-se sobre todas as águas
Todas as nuvens.
Os ventos virão de todos os nortes.
Os dilúvios cairão sobre os mundos.
Tu não morrerás.
Não há nuvens que te escureçam.
Não há ventos que te desfaça.
Não há águas que te afoguem.
Tu és a própria nuvem.
O prório vento.
A própria chuva sem fim...
Cecília Meireles
Wel
sexta-feira, 20 de março de 2009
Canção de Outono
O outono toca a realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sobre a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
de carícia e contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colhe as horas em suma...
Mas os caminhos do Outono,
Vão dar em parte alguma!
Mário Quintana
Reflexão:
" O amor muda como as folhas
das árvores no outono. E, se eu
for capaz de enterder isto, serei
capaz de amar"
Emily Bronte
Wel
quinta-feira, 19 de março de 2009
Meditação sobre a morte
quarta-feira, 18 de março de 2009
Estrada
terça-feira, 17 de março de 2009
Maçã

Por um lado te vejo como um seio murcho
Pelo outro como um ventre de cujo umbigo
pende ainda o cordão placentário
És vermelha como o amor divino
Dentro de ti em pequenas pecides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente
E aquelas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel.
Manuel Bandeira
Reflexão:
"Se branca de neve não tivesse
mordido a maçã não teria bei-
jado o príncipe"
Sandro Kretus
Wel
segunda-feira, 16 de março de 2009
As pipas

Sonhos coloridos voam
cortando o azul do céu
livres como os pés sujos
e descalços que os conduzem
sorrisos povoam as bocas
olhinhos brilhantes assistem
a dança das rabiolas
formando desenhos imaginários
contando histórias únicas
nascidas da beleza de ser
comandante de um pássaro
abaixo da imensidão
os sonhos sufocam
a alegria dos pezinhos
que correm pisando
pedriscos pela vida afora
Angélica T. Almstadter
Wel
domingo, 15 de março de 2009
Gosto das chuvas

Gosto das chuvas.
Mais do que isso: amo as chuvas.
Que elas despertam em mim
meu lado mais profundo,
meu lado fértil,
meu lado verde.
Talvez quem sabe,
meu único lado verdadeiro.
Que fica adormecido
e só desperta,
quando vêm as chuvas.
Depois...
Vira poesia
Ou vai embora
com a enxurrada...
Que vai dar no rio
que vai para o mar
que o sol evapora
e vai para o ar...
Vira chuva... outra vez.
Nydia Bonetti
Wel
sábado, 14 de março de 2009
Ouração

Rosnai por mim,
O das palavras pescador,
Senhor dos que não creem,
Por este que nunca ourou por vós.
.
Vinde a mim,
Acorrei-me, criancinhas,
Famélicas, sórdidas,
Sem manhãs,
Depressa recadarem
À Santa,
Virgem em alma,
Que cheguei.
.
Quero seu corpo devasso,
Carne que me apraz,
Para livrar-me do mal
Que se me abate.
.
Amém.
Armindo Lima da Silva
Wel
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